Reportagem de Paula Gama, jornal A Gazeta
A Reforma Trabalhista vai regulamentar a modalidade de trabalho remoto ou home office. A tendência vem se fortalecendo há alguns anos e deve ganhar cada vez mais adeptos. Diante das mudanças, saem na frente os empreendimentos que têm escritório na unidade ou na área de lazer.
O gerente comercial da Kemp Engenharia, Adriano Almeida, explica que ao colocar um espaço específico para o home office na área comum, a construtora está atendendo a uma demanda forte do mercado.
“É grande o número de profissionais buscando a liberdade de fazer o próprio horário. Esse espaço vai facilitar a vida dos moradores. Poderá ser usado em reuniões e produções de projetos”, diz Adriano. Segundo ele, a proposta é instalar vários postos de trabalho no espaço para que os vizinhos possam compartilhar o escritório.
Empreendimentos
O residencial Ilha das Antilhas, da Kemp Engenharia, em Itaparica, será entregue com home office montado. O local terá wifi e tomadas USB para facilitar o dia a dia. O imóvel tem unidades de dois e três quartos com suíte.
O Grupo Proeng também está alinhado com a tendência. O Address Praia do Canto apostou em dois espaços: lounge office e home office. Um para a realização de projetos e outro com material para reuniões. O empreendimento tem unidades de um e dois quartos.
O Amazônia Residencial, da Brasiles Construtora, foi entregue com um escritório de 22 m2, climatizado, com estrutura para conexão com internet e móveis planejados. Os apartamentos têm dois quartos com suíte e ficam em Itaparica, Vila Velha.
Na planta
Embora seja útil para os moradores, o escritório compartilhado depende da disponibilidade para ser utilizado. Por isso, a gerente comercial da Morar Construtora, Francina Flores, aponta os pontos de trabalho dentro da unidade como a melhor solução.
“O morador vai ter mais privacidade e organização. A mesa de trabalho vai ficar longe do quarto e sempre disponível”, afirma a gerente comercial.
Ela explica que a Morar aproveita o espaço de circulação para fazer um pequeno escritório, com tomadas e conexões necessárias. Os imóveis de três quartos do Veredas Buritis, em Colina de Laranjeiras, Serra, vêm com esta opção na planta.
O Sunset Residence, da Construtora Épura, em Itaparica, tem plantas de três quartos, com suíte e home office. Outra opção é o Reserva Mata da Praia, da RS Construtora, em Vitória, com casas de até cinco suítes com o cômodo.
Condomínios antigos têm regras contra a atividade
Apesar de o home office ser cada vez mais comum, o trabalhador remoto esbarra em um problema: as convenções condominiais. Nos edifícios mais antigos, é proibido dar uso comercial ao imóvel. Mas a regra pode ser discutida em assembleia.
A gerente administrativo da M&M Administração Condominial, Juliana Monteiro Mendes, explica que como a modalidade de trabalho ainda é muito nova, muitas convenções não estão atualizadas. “O trabalho individual, sem receber clientes em casa, não atrapalha a convivência e pode ocorrer sem nenhum problema. Se houver um impasse, pode ser resolvido em uma conversa com o síndico e o conselho”, afirma.
A situação complica quando o trabalho exige reuniões frequentes ou o uso de recursos compartilhados. “Clientes não são visitas comuns, pois muitas vezes o prestador de serviço nunca viu a pessoa na vida. Isso coloca a segurança de todos em risco. Ainda assim, o morador pode solicitar a discussão do assunto em assembleia”, diz Juliana.
Serviços culinários também são problemáticos em prédios com gás e água compartilhados.
Para o diretor do núcleo de administradoras de condomínio da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-ES), Glauco Marinho, grande parte dos condomínios está se atualizando em relação à nova realidade. Mas o uso imóvel residencial para atividades profissionais não pode ser abusivo.
“Não é possível registrar uma empresa com endereço residencial, por exemplo, mas até mesmo os profissionais que recebem visitas – como professores particulares e consultores – estão conseguindo trabalhar em casa”, diz Glauco. A dica é não esconder a atividade. “O morador deve comunicar ao síndico a quantidade de pessoas que vai receber por semana. Se for um número razoável, não costuma haver problema, mas é importante registrar os visitantes na portaria”, alerta.