Entregas em condomínios viram motivo de conflitos

Descumprimento de regras tem provocado brigas entre vizinhos. Há ainda confusão com entregador que se nega a entrar no prédio.

Apesar da maior parte dos condomínios ter regra impedindo que entregadores levem lanches e outros pedidos até a porta do morador, o tema gera conflitos.

Parte dos desentendimentos ocorre entre os vizinhos, ao perceberem o desrespeito das regras por parte de um deles. Outros casos são brigas com entregadores que se recusam a esperar ou entrar no condomínio para entregar.

No Rio de Janeiro, o entregador Nilton Ramon de Oliveira, 24, foi baleado na perna na segunda-feira por um policial militar. O motivo foi uma discussão após ele ter se negado a subir até o apartamento do PM para entregar um pedido do Ifood. O estado dele é grave.

O presidente do Sindicato Patronal de Condomínios do Estado (SIPCES), Gedaias Freire da Costa, frisou que grande parte dos prédios na Grande Vitória tem definido no regimento interno se permite ou não a subida do entregador.

“Por uma questão de segurança, os moradores geralmente definem pela proibição, ficando eles responsáveis por ir até a portaria. No caso de desrespeito, podem ser até penalizados com multa de até 5 vezes a taxa de condomínio”.

Especialistas também orientam sobre a possibilidade de proibir os entregadores de subirem no edifício. Segundo eles, a própria plataforma mais conhecida nesses serviços estabelece que o entregador tem a obrigação de entregar o pedido no primeiro ponto de contato, no caso dos condomínios, esse local é a portaria.

A síndica profissional Juliana Monteiro, que também é diretora do SIPCES e sócia da M&M Gestão Condominial, destacou que a maioria dos locais em que atua tem a proibição da entrada dos entregadores.

“Conflitos pontuais ainda ocorrem por causa de moradores que permitem a entrada e vizinhos fazem denúncias, gerando discussões. No fim, o morador que permitiu a entrada reconhece o erro”.

O síndico profissional Leonardo Nascimento afirmou que um dos condomínios em que atua tem 43 mil metros quadrados e 62 prédios, por isso há regras de horários para que os entregadores passem pela primeira portaria central e sigam até a entrada de cada prédio.

Ele revelou que já houve caso de conflitos após o entregador não esperar o morador e ir embora com o pedido. “Em outro caso, o cliente e o entregador ‘saíram na mão’. A polícia teve de conter os ânimos”.

Até barulho de sexo vai parar nos grupos de WhatsApp

Além de conflitos envolvendo entregas de pedidos feitos por aplicativos, até mesmo sons de sexo ouvidos por moradores têm chegado às discussões em grupos de WhatsApp.

Um dos casos, em um condomínio na Serra, barulhos ouvidos tarde da noite eram tão altos que alguns moradores se queixaram no grupo do condomínio com a portaria, com o síndico e ainda comentaram a situação.

As queixas dividiram opiniões, com parte dos moradores contra e outra parte a favor. Na discussão pelo grupo, também foram trocadas ofensas entre os vizinhos.

O advogado Pacelli Arruda Costa afirmou que nunca presenciou esse tipo de discussão em condomínios. No entanto, reforçou que toda reclamação deve ser dirigida à administração e formalizada de acordo com o usual em cada condomínio (e-mail, registro no livro, etc.). “Isso permitirá que o condomínio tome as atitudes que lhe cabem e minimizará os riscos de conflitos entre moradores”.

Ele destacou que, no caso de grupos informais criados e administrados pelos moradores, eventuais ofensas a direitos não poderão ser punidas com base na convenção e regimento.

Fonte: Jornal A Tribuna

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